segunda-feira, 6 de maio de 2013

O conto: A Princesa Alafiá



A PRINCESA ALAFIÁ


Era uma vez uma princesa chamada Alafiá ,que morava no reino de Daomé, no continente africano. Certo dia, durante uma festa na cidade da princesa, seu reino foi invadido por homens que possuíam armas de fogo. Apesar de todo povo ter lutado bravamente, não conseguiu resistir muito tempo, pois as armas dos invasores eram mais eficazes que o armamento do reino. A menina, seus pais, que eram rei e rainha da cidade ,e muitos de seus irmãos foram seqüestrados para serem escravizados em uma terra muito distante.

Enfrentaram uma longa viagem marítima, dentro de um grande navio, empilhados como mercadoria, amarrados e espancados. Por causa desses maus tratos, muitos deles morreram. Desembarcaram depois de muito tempo em uma terra bonita, mas não era a África que tanto amavam e onde eram felizes. Nessa terra, Alafiá foi separada de seus pais. Esse momento foi muito triste, ela nunca esqueceu o rosto de sua mãe, a qual  chorava muito, no momento da separação.

Quando a princesa chegou ao lugar chamado fazenda, juntamente com muitos de seus irmãos negros, foi escolhida para fazer companhia para uma menina que todos chamavam de sinhazinha. Sinhazinha tinha pele e olhos claros, cabelos compridos, usava belos sapatos e vestidos, era bela a menina. Alafiá tinha a pele negra como a noite, olhos grandes e escuros, crespos cabelos e era tão linda quanto sinhazinha.

O tempo foi passando, Alafiá aprendeu a língua dos senhores da casa, assim como todos os outros escravizados. Crescia fazendo companhia para a menina e vendo seu povo sofrer de tanto trabalhar, apanhar e receber vários castigos. Ela nunca se conformava com aquela situação e desejava, no fundo de seu coração, que todo aquele sofrimento terminasse, queria, de fato, libertar a todos.

A princesa não se esquecia de sua terra natal. Nunca se esquecia das festas, das brincadeiras com outras crianças, das danças e, principalmente ,do fato de ser uma princesa, uma princesa africana.

Quando Alafiá dizia a alguém que era uma princesa, todos riam e diziam que ela estava maluca, que não passava de uma mucama, além de não se parecer nada com uma. As pessoas diziam isso porque as princesas que conheciam eram sempre de pele e olhos claros, longos cabelos, vestiam-se com belos sapatos e vestidos. Alafiá explicava que ela também era uma princesa e que todos os príncipes, princesas, reis e rainhas da África eram todos lindos e negros como a noite.

Com o passar do tempo, Alafiá tornou-se uma linda mulher e sempre com o mesmo desejo: libertar seu povo. Descobriu que muitos de seus irmãos, não aceitando aquele tipo de vida, fugiam para um lugar chamado Quilombo, onde se refugiavam com outros escravizados que fugiam de outras fazendas. Alafiá procurou saber onde ficava o tal Quilombo e tomou uma séria decisão: que iria ao encontro de seus irmãos negros para lutar contra a escravidão.

Em uma bela noite, tão bela quanto Alafiá, a moça esperou todos dormirem, pulou a janela da grande casa, passou pela senzala onde dormiam os escravos e enfiou-se mata a dentro. Andou durante toda noite; de manhã, parou para comer um pedaço de bolo e beber um pouco de água que levava consigo. Caminhou o dia todo, parou somente duas vezes para se alimentar, pois era muito forte e resistente.

Quando anoitecia novamente, Alafiá ouviu, ao longe, um som de tambores, semelhante ao que ouvia nas festas em sua terra natal e na senzala à noite ,quando o senhor da casa deixava os negros se reunirem. A moça seguiu animadamente a melodia que vinha do alto de uma montanha. Quanto mais ela corria em direção ao som, mais ele aumentava.

De repente, Alafiá chegou a um lugar onde todos dançavam felizes em volta de uma fogueira. No momento em que aquelas pessoas viram a moça, correram ao encontro dela, deram-lhe o que comer e deixaram que ela dormisse o resto da noite, pois estava muito cansada. De manhã , Alafiá contou a todos sua história, tudo que viveu até aquele momento. Passou, daquele dia em diante,a  morar ali e tornou-se muito amiga de todos  e querida por eles.
Um jovem que era líder e guerreiro do Quilombo apaixonou-se por Alafiá, e ela, por ele. Aprendeu a lutar e cavalgar brilhantemente com o rapaz e, cada vez mais apaixonados, casaram-se.

Todas as vezes que os guerreiros iam libertar outros irmãos, ou quando invadiam o Quilombo para tentar exterminá-lo, Alafiá lutava bravamente ao lado de seu esposo e dos outros guerreiros.

Apesar de muita luta e dificuldade, a jovem princesa sentia-se feliz, pois conseguiu levar a vida lutando por aquilo em  que acreditava, além de encontrar um grande amor.

Sinara Rúbia

9 comentários:

Unknown disse...

Amei a história, gostaria que existisse mais histórias assim para eu contar aos meus alunos, acredito que todas as princesas não devem ser igual as da disney, e que todos nós somos bonitos assim como somos, e não é necessário ser estereotipado algo como a beleza!Que bonito mesmo é ser você e não o que os outros querem que você seja. obrigada por esta história vou usá-la em um trabalho da faculdade. bjus.

Brenda Melo disse...

Muito bonito esse conto.
Eu estava procurando contos Africanos e Afro-Brasileiros para usar no meu TCC e achei esse, lindo e perfeito. Vou usar e vai me ajudar muito. obrigada.

Brenda Melo disse...

Gostaria do exemplar da revista que foi publicado o conto, mas não encontro em lugar nenhum.

Unknown disse...

Maravilhoso o conto. Uma bela representatividade.

Unknown disse...

Oi boa noite. Quando ouvi está histórias ,pela primeira vez. fiquei encantada com ela. ENTÃO fui pesquisar e contei em uma aula de Contação.de histórias. Depois passou um tempo .e hoje encontrei a outra vez . e vou contar . Novamente no próximo domingo. Obrigada pela ,lida histórias

Rosangela Chuab disse...

Esse conto é lindo. Parabéns Sinara Rúbia.

Unknown disse...

Lindo

Unknown disse...

muito bonito! sou uma aluna e minha professora de artes vai amar esta historia

Priscila disse...

Olá, gostei da história, trabalho Hora do Conto em uma escola, vou contar ela, mencionando sua autoria, para trabalhar cultura afro-brasileira com os alunos, abraços