segunda-feira, 13 de maio de 2013

125 anos da dita Abolição



125 de Abolição e ainda é pertinente  a letra do imortal samba enredo - 100 Anos de Liberdade - Realidade Ou Ilusão? –Hoje fiquei pensando na luta contra o racismo em nossa sociedade, cujo objetivo é a superação desse problema que afetou  todos os africanos raptados e trazidos para o Brasil no período colonial e ainda hoje afeta  seus descendentes. Como é dito na famosa frase do mencionado samba - Livre dos açoites da senzala, mas preso na miséria das favelas -   na base da pirâmide econômica, negligenciados no sistema de saúde, os jovens que mais morrem  de violência diariamente estão na faixa etária de 15 a 24 e são em sua maioria homens negros,  menor índice de escolaridade, as mulheres negras tem os piores salários e são expostas a violência moral, física, psicológica... Infelizmente ainda temos que provar que o racismo existe e denunciá-lo mostrando onde ele se esconde, em  frases, olhares, exclusões , silêncios, ausências, ... Esse mal é muitas das vezes  silencioso e sutil, mas quando ficamos atentos, o identificamos a todo momento.O racismo pode ser como um bicho que se esconde atrás de algo, mas deixa o rabo aparecendo, e se o puxarmos o tal rabo vem todo o corpo do bicho, neste momento é preciso estar preparado e tomar cuidado, pois ele quando descoberto, fica furioso e te ataca, te fere, te machuca...

Entretanto,  tivemos muitas vitorias e ainda temos muita luta. Precisamos estar todos unidos nessa causa, apoiarmos de alguma forma todo o tipo de manifestação que se proponha diminuir ou acabar com esse problema. Precisamos apoiar todas as ações nesse sentido, desde as atividades culturais até as políticas de igualdade racial. É preciso estarmos atentos. Entendo que apesar de muitas conquistas, estamos atrasados, ainda há muito o que fazer, é preciso  muita sensibilização  para unidos diminuirmos, ou até mesmo superarmos esse mal.Assim, a luta contra o racismo somado as lutas contra toda forma de opressão, nos fortalecera para caminharmos em prol da igualdade de oportunidades, em prol da verdadeira liberdade...


Sinara Rubia

terça-feira, 7 de maio de 2013

Texto de Paulo Rhasta



Hoje levantei da cama com a sensação de querer fazer algo diferente, com a sensação de querer aprender algo novo. Convidei meu fiel companheiro, o Kaylan , que vem a ser o primogênito da família Silva, chamados por alguns de Rhastinha. Pegamos o trem com destino a central do Brasil, o objetivo era chegar ao bairro do Humaita, zona sul.Pois lá aconteceria uma oficina voltada para “pais e filhos”, chamada TA NA MODA APRENDER: Oficina sustentável de moda infantil com Contação de Historia. Era uma oficina para valorizar a estética e a cultura de crianças e adultos afrobrasleiro com o reaproveitamento e reciclagem de tecidos.
Foi uma experiência incrível, pois os participantes tinham que recontar a historia que tínhamos acabado de ler, motivados pela contação de uma historia linda, a princesa Aliafiá nos trouxe. Só que alem de contar a historia, os grupos tinham que confeccionar os figurinos das personagens ou seus próprios figurino para a apresentação. Foi bacana ver mães, pais e filhos recontando aquelas historias de Reis, Princesas e Mitos africanos com o olhar deles...
Saí de lá com uma vontade comprar todos os livros de contos e de princesas africanas! Mas onde encontrar esses livros? Será que um dia Julia Vidall e Sinara Rúbia encontrarei em banca de jornal , sebos e livraria na mesma proporção que encontramos os contos Gregos, Romanos e Europeus , com suas Clássicas Princesas , Deusas e Guerreiras?



segunda-feira, 6 de maio de 2013

O conto: A Princesa Alafiá



A PRINCESA ALAFIÁ


Era uma vez uma princesa chamada Alafiá ,que morava no reino de Daomé, no continente africano. Certo dia, durante uma festa na cidade da princesa, seu reino foi invadido por homens que possuíam armas de fogo. Apesar de todo povo ter lutado bravamente, não conseguiu resistir muito tempo, pois as armas dos invasores eram mais eficazes que o armamento do reino. A menina, seus pais, que eram rei e rainha da cidade ,e muitos de seus irmãos foram seqüestrados para serem escravizados em uma terra muito distante.

Enfrentaram uma longa viagem marítima, dentro de um grande navio, empilhados como mercadoria, amarrados e espancados. Por causa desses maus tratos, muitos deles morreram. Desembarcaram depois de muito tempo em uma terra bonita, mas não era a África que tanto amavam e onde eram felizes. Nessa terra, Alafiá foi separada de seus pais. Esse momento foi muito triste, ela nunca esqueceu o rosto de sua mãe, a qual  chorava muito, no momento da separação.

Quando a princesa chegou ao lugar chamado fazenda, juntamente com muitos de seus irmãos negros, foi escolhida para fazer companhia para uma menina que todos chamavam de sinhazinha. Sinhazinha tinha pele e olhos claros, cabelos compridos, usava belos sapatos e vestidos, era bela a menina. Alafiá tinha a pele negra como a noite, olhos grandes e escuros, crespos cabelos e era tão linda quanto sinhazinha.

O tempo foi passando, Alafiá aprendeu a língua dos senhores da casa, assim como todos os outros escravizados. Crescia fazendo companhia para a menina e vendo seu povo sofrer de tanto trabalhar, apanhar e receber vários castigos. Ela nunca se conformava com aquela situação e desejava, no fundo de seu coração, que todo aquele sofrimento terminasse, queria, de fato, libertar a todos.

A princesa não se esquecia de sua terra natal. Nunca se esquecia das festas, das brincadeiras com outras crianças, das danças e, principalmente ,do fato de ser uma princesa, uma princesa africana.

Quando Alafiá dizia a alguém que era uma princesa, todos riam e diziam que ela estava maluca, que não passava de uma mucama, além de não se parecer nada com uma. As pessoas diziam isso porque as princesas que conheciam eram sempre de pele e olhos claros, longos cabelos, vestiam-se com belos sapatos e vestidos. Alafiá explicava que ela também era uma princesa e que todos os príncipes, princesas, reis e rainhas da África eram todos lindos e negros como a noite.

Com o passar do tempo, Alafiá tornou-se uma linda mulher e sempre com o mesmo desejo: libertar seu povo. Descobriu que muitos de seus irmãos, não aceitando aquele tipo de vida, fugiam para um lugar chamado Quilombo, onde se refugiavam com outros escravizados que fugiam de outras fazendas. Alafiá procurou saber onde ficava o tal Quilombo e tomou uma séria decisão: que iria ao encontro de seus irmãos negros para lutar contra a escravidão.

Em uma bela noite, tão bela quanto Alafiá, a moça esperou todos dormirem, pulou a janela da grande casa, passou pela senzala onde dormiam os escravos e enfiou-se mata a dentro. Andou durante toda noite; de manhã, parou para comer um pedaço de bolo e beber um pouco de água que levava consigo. Caminhou o dia todo, parou somente duas vezes para se alimentar, pois era muito forte e resistente.

Quando anoitecia novamente, Alafiá ouviu, ao longe, um som de tambores, semelhante ao que ouvia nas festas em sua terra natal e na senzala à noite ,quando o senhor da casa deixava os negros se reunirem. A moça seguiu animadamente a melodia que vinha do alto de uma montanha. Quanto mais ela corria em direção ao som, mais ele aumentava.

De repente, Alafiá chegou a um lugar onde todos dançavam felizes em volta de uma fogueira. No momento em que aquelas pessoas viram a moça, correram ao encontro dela, deram-lhe o que comer e deixaram que ela dormisse o resto da noite, pois estava muito cansada. De manhã , Alafiá contou a todos sua história, tudo que viveu até aquele momento. Passou, daquele dia em diante,a  morar ali e tornou-se muito amiga de todos  e querida por eles.
Um jovem que era líder e guerreiro do Quilombo apaixonou-se por Alafiá, e ela, por ele. Aprendeu a lutar e cavalgar brilhantemente com o rapaz e, cada vez mais apaixonados, casaram-se.

Todas as vezes que os guerreiros iam libertar outros irmãos, ou quando invadiam o Quilombo para tentar exterminá-lo, Alafiá lutava bravamente ao lado de seu esposo e dos outros guerreiros.

Apesar de muita luta e dificuldade, a jovem princesa sentia-se feliz, pois conseguiu levar a vida lutando por aquilo em  que acreditava, além de encontrar um grande amor.

Sinara Rúbia

domingo, 5 de maio de 2013

Combatendo o Racismo com Arte

O conto A Princesa Alafia, foi escrito no momento que percebi a dificuldade de achar  livros com historias de rainhas e princesas negras pra minha filha Sara no ano de 2007... A partir desse momento comecei pesquisar e estudar o assunto, e como resposta a esse problema surgiu a obra. Desde 2008 desenvolvo um trabalho com crianças e também adultos, A Contação  de Historia da Princesa Alafia, juntamente com a oficina de contos afro brasileiros infanto juvenil. Acredito que esse trabalho  contribuir muito no sentido de  sensibilizar as pessoas para essa questão , pois a partir dele começamos desconstruir a hegemonia dos contos de fadas clássicos  europeus, onde somente é trabalhado e valorizado um padrão de beleza, fortalecendo o racismo que já se inicia na vida das crianças, que em sua  maioria possuem somente bonecas brancas, admiram as apresentadoras de programas infantis brancas, não ganham concurso de rainha da primavera ou princesinha,  possuem apelidos que desqualificam sua cor, aprendem a renegar  seus cabelos crespos, incorporam o protótipo de beleza das modelos, brancas, magras....  Quando a sociedade brasileira de fato compreender esse problema começaremos mudar a Historia, pois procuraremos essas obras, e quando nos depararmos com contos africanos e indígenas valorizaremos,compraremos,presentearemos,indicaremos, o teremos em nossas estantes, mas que isso, o
teremos dentro de nós...