quinta-feira, 3 de abril de 2008

Performance Poética TON OGBON

Por meio de uma sensível interpretação do poema “ Quero ser Tambor ”, de José Craveirina, a performance poética “Ton Ogbon é uma junção precisa entre a dramaticidade do poema com ritmos e ritos africanos. Os Yorubas, um dos muitos grupos étnicos que vieram para o Brasil para serem escravizados, usam a palavra Ton para diáspora, propagar, investigar, irradiar, instigar e Ogbon para significar arte, inteligência, sabedoria, perspicácia e invenção.
A resistência das etnias africanas que vieram para o Brasil se deu por conta dos Fatores que estão no significado dessas duas palavras(Ton Ogbon).Fatores esses que contribuíram para a formação da cultura afro brasileira, onde a inteligência de povos, que eram proibidos de exercerem seus hábitos culturais cotidianos, permitiu a criação uma cultura de raiz africana, fenômeno este que caracteriza uma Resistência Cultural.
Essas etnias não só contribuíram para a formação cultural do Brasil, sua presença no fator econômico do país, por conta de sua mão de obra escrava foi determinante para o desenvolvimento do país.
Partindo de um trabalho performático, onde o corpo do ator é o resultado de imagens internas e externas criados durante a pesquisa, a intenção da performance é interpretar o poema“Quero ser Tambor” para provocar uma reflexão a respeito desse doloroso processo de escravização e notadamente a resistência desses povos bem como o surgimento da cultura afro-brasileira.

Contação da História da Princesa Alafiá
Através de movimentos de dança de origem africana e som de tambores a contação da História da Princesa Alafiá tem a intenção de trabalhar a auto-estima da criança negra, desconstruindo o conceito hegemônico de beleza, passado também pelas princesas brancas(Cinderela, Branca de Neve..).
Acredito que esse trabalho proporciona um ambiente lúdico e estimula a capacidade imaginativa do público e ao mesmo tempo contribui para a elevação da auto estima da criança negra, que está inserida de forma desigual e representada por meio de papéis sociais que reforçam os estereótipos que sustentam idéia de inferioridade do negro na sociedade.

O conto retrata a história de uma princesa negra que morava no reino de Daomé, no Continente Africano e que veio para o Brasil através do tráfico negreiro, no período da colonização portuguesa. Minha intenção ao escrever tal narrativa ficcional foi fazer frente à hegemonia dos contos de fadas conhecidos no Brasil, desconstruindo a ideologia de termos um único padrão de beleza valorizado, com o objetivo de elevar a auto-estima da criança negra brasileira.Está pautado nos vários aspectos históricos do período e mantém a mesma estrutura dos contos tradicionais: há uma princesa, mas negra, há o sofrimento, mas a princesa não necessita de um homem para resgatá-la, pois ela toma uma atitude impulsionada pelo seu “espírito” guerreiro e encontra um amor, mas a noção de felicidade é outra que não a de viverem felizes para sempre, imersos em riquezas, morando em um castelo.
A princesa Alafiá é uma princesa que "tem a pele negra como a noite, olhos grandes e escuros e crespos cabelos”.
Entendo que faz parte da luta pela afirmação de uma identidade que nos foi tirada e que tentamos reconstruir, a produção de uma literatura voltada para crianças e adolescentes, com o objetivo de influenciar à construção de suas identidades sócio-culturais. Pois nesse momento importante da formação da personalidade, ao se depararem com valores racistas ainda cristalizados em nossa sociedade, possam desenvolver símbolos próprios de auto – reconhecimento que elevem a sua auto estima.

Tranceir@s na II Semana da Consciência Negra de Petrópolis em novembro de 2007
Produção: Regina Guimarães
Sara aprendendo História da África e usando o lápis cor de pele PRETO!