Ontem fizemos 124 anos de Abolição. Não podemos negar que esse foi
um grande momento para os escravizados do período, que tem
importância histórica, para africanos e seus descendentes brasileiros, afro
brasileiros... Entretanto, hoje, passados mais de doze décadas, negros sentem
literalmente na pele, as metamorfoses da discriminação e preconceito racial,
iniciados ideologicamente no período colonial para justificar as desigualdades
e tratamentos desumanos, dispensados aos africanos seqüestrados e seus
descendentes. Essas idéias que
desqualificam o negro no Brasil, ainda hoje são tão eficazes, que destroem e
trazem problemas, que transitam da espera psicologia à econômica, quase livre e
impunemente. Ainda precisamos muito convencer que há racismo. Que pessoas são
discriminadas pela cor da pele, que crianças sofrem com o racismo na escola,
que cotas é necessário, que o negro não esta representados de forma adequada
nos livros didáticos e literários, que estamos na base da pirâmide econômica, que
temos negligencia no sistema de saúde, que os jovens dos quais morrem de violência diariamente, de 15 a 24 são em sua maioria
esmagadora, homens negros, temos o menor índice de escolaridade, as mulheres
negras tem os piores salários e por ai a fora.
O racismo no Brasil é parte integrante do capitalismo. Entendo que
não podemos combatê-lo sem entendê-lo dessa forma. Aqui a maioria dos seres dominados
pelo sistema são descendentes de africanos, por causa da formação histórica do
Brasil. Entretanto, não cabe somente aos negros levantar a bandeira da luta.
Todos nós que sofremos com a escassez de recursos econômicos, e outras formas
de opressão como machismo, homofobia, privação da LIBERDADE, somos vitimas do
capitalismo e precisamos lutar contra esse mal. Acredito que nossa luta, ou
melhor, nossas lutas darão um salto de qualidade, quando desfragmentarmos
nossos grupos, respeitarmos nossas
individualidades e especificidades, lutando com a interseção da luta conta
opressão, pela liberdade.
Sinara Rúbia